Homenagem da UBM/PR à Rachel Maria Lobo Genofre 4y84g

1g693h

No último sábado, a UBM Paraná nomeou seu Encontro Estadual como Rachel Maria Lobo Genofre, homenageando a menina que se transformou em símbolo de luta da entidade.

Foto: arquivo/UBM-PR

Rachel Maria Lobo Genofre – a bela menina, cheia de vida, fé e esperança, é ela a nossa e sempre Rachel, homenageada pela UBM/PR.

A amável Rachel que mesmo com sua pequena idade, sempre questionadora, talentosa, alegre e já preocupada com as opressões, aquelas que ela conseguia enxergar e que não deixava de se manifestar, sim, Rachel tinha o olhar aguçado sobre a realidade.

Rachelzinha, em todos os momentos da sua curta, mas intensa existência, já demonstrou consciência de classe. A menina de olhar curioso, estava com a antena parabólica em funcionamento, sempre observando, buscando, comentando, lendo e compartilhando o mundo e tudo de novo que pudesse alcançar ainda, com suas curtas perninhas.

Recordar de Rachelzinha é tomar-se de sentido e sincera emoção, especialmente para sua mãe Cris que está aqui, a Carol sua tia e sua segunda mãe, e por mim que tive a oportunidade de encontrá-la nos idos de 2006 quando candidata a deputada estadual e Carol uma das coordenadoras de minha campanha ao ar pelo Comitê na Travessa Itararé estava com a Rachel que chegava alegre e punha-se a desenhar através de seu coração – a Elza e as mulheres no parlamento, então, essas imagens ficam para sempre, Rachel força e amor para todas e todos que com ela convivermos.

Nesse sentido, agradeço profundamente o aceite da Maria Cristina Lobo (a Cris) e da Carol Lobo para que a UBM/PR faça essa homenagem titulando o 9º Encontro Estadual de nossa organização feminista, emancipacionista e popular de: Rachel Maria Lobo Genofre, um justo e profundo gesto de reconhecimento por sua sensibilidade e bravura.

Rachel, tendo o exemplo de formação socialista de Cris e de Carol, carregava a bandeira da UBM nos atos e protestos. Estava desde sempre com Carol, com a Cris e com todas as UBMistas denunciando as opressões e as violências do capitalismo, do patriarcado e do racismo. Poderia não compreender esses elementos que se interseccionam para estabelecer a subordinação, ou seja: a exploração o sexismo, o racismo, o patriarcalismo, mas na sua vida cotidiana expressava toda sua indignação contra essas formas de dominação.

Rachel, engajada e militante, sim, uma menina encantadora por sua irreverência. Ela, não se calou diante das injustiças sociais e não se conformou com as diferenças econômicas. Com amor e uma pitada de consciência de classe, aprendeu a se reconhecer como parte da classe trabalhadora e lutar contra o fim da exploração e pela transformação social.

Foi na Primavera, em 05 de novembro de 2008, que Rachel foi arrancada de sua família, foi arrancada de nossa sociedade. Rachel tinha apenas nove anos de idade, uma menina que vivia desprendendo sorrisos e alegria de viver, quando perdeu barbaramente a vida na dita “civilização” curitibana – essa é uma barbárie!

Essa barbárie engendrada pelo desenvolvimento tremendamente desigual da sociedade capitalista ajuda a compreender uma de suas piores facetas: a triste realidade das meninas e mulheres que sofrem violência seja em suas casas, seja nos ônibus pelo assédio sexual, seja nas propagandas onde a mulher é objetificada, ou mesmo pelo Estado, quando ela é culpabilizada pela violência sofrida, muitas vezes recebendo atendimento desumano.

A história da Rachel é parte da história da UBM PR, pequenininha, já se vestia de rosa choque e acompanhava as panfletagens na Rua XV ou os eventos ostentando o seu crachá.
Que a história trágica dessa menininha, que como tantas outras que foi silenciada pelo machismo estrutural e tudo de mais doente que essa sociedade produz, nos fique de exemplo, de luta, de fé e esperança e como a pequena Rachel, que nunca nos curvemos para opressão e as injustiças.

Foram inúmeros atos, seminários, rodas de conversa que a UBM e a Frente Feminista colocaram como uma de suas bandeiras centrais, a responsabilização do monstro assassino. Quando da realização da MI da violência contra as mulheres sob a presidência da então deputada federal Jô Moraes, em 2012, o movimento feminista, entre suas organizações a União Brasileira de Mulheres – UBM juntamente com advogadas atuantes no enfrentamento à violência de gênero, entregaram um dossiê à Comissão solicitando que o caso de Rachel fosse inserido como uma situação de omissão do Estado, considerando a demora e falhas na apuração do crime no seu dever de investigar, com o devido zelo, crimes cometidos contra mulheres e meninas. Nesse sentido, a MI recomendou ao Ministério Público o acompanhamento das investigações para a apuração do crime de homicídio hediondo cometido contra Rachel Lobo Genofre.

Treze anos depois, em 12 de maio de 2021, em julgamento em Curitiba o monstro estuprador, que abusou de muitas outras crianças, foi condenado a 50 anos de prisão. Essa data entrará na história da sociedade paranaense e brasileira, como o dia em que a justiça enfim foi feita, em um dos casos de assassinato e violência contra a infância, mais bárbaros ocorridos na nossa história. Abusadores e criminosos sexuais não arão impunes. Que nenhuma criança se sinta insegura, que o estado cumpra seu papel de proteger as crianças, adolescentes e mulheres e evitar que crimes bárbaros como este ocorram novamente, e que a sociedade se lembre sempre da memória de Rachel, para que outras vidas de crianças e adolescentes sejam salvas.

A UBM/PR e a Frente Feminista de Curitiba, tem feito manifestos e protestos e indicou e vem reivindicando que a Rodoferroviária de Curitiba seja nominada Rachel Maria Lobo Genofre, tendo como insígnia: “para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça.” tornando permanente a lembrança da menina Rachel e a luta contra a violência sofrida por mulheres e meninas.

Rachel, que nasceu em 08 de janeiro de 1999, hoje teria 26 anos, não está mais conosco fisicamente, mas…, está sim, porque seu exemplo vivo nos inspira. Aqui estamos no 9º Encontro Estadual da UBM em 07 de junho de 2025, debatendo a conjuntura que oprime, explora, violenta meninas e mulheres.

O milenar patriarcado, fez e faz milhões de vítimas, não importa a idade. Hoje, vivemos um verdadeiro massacre transmitido mundialmente em full time, uma limpeza étnica. Milhões de mulheres e crianças, muitas parecidas com a Rachel, estão sendo exterminadas, pela fome, por pestes, assassinadas a frio, ou por bombas.

Algo tão doentio e perverso quanto o assassino da Rachel se sente impune suficiente para cometer essa barbárie mundial, o sionismo precisa ser parado, para a sobrevivência da humanidade.

Seja qual lugar em que Rachel está agora, ela certamente, se pudesse gritaria: Palestina livre!!!!
tornando permanente a lembrança da menina Rachel e a luta contra a violência sofrida por mulheres e meninas em todo o mundo!

Rachel, com certeza com toda sua garra, partiu para regar jardins, a singela e cativante Rachel, fonte de alegria e de amor a todas e todos que conviviam.

Com estas modestas palavras, marcamos nossas saudades e rendemos nossas homenagens a Rachel, eterna companhia em nossos corações, manancial de inspiração e ânimo para os inescapáveis combates contra a opressão e o obscurantismo.

Rachel Maria Lobo Genofre – PRESENTE HOJE E SEMPRE!

Em 10/05/2021, o Portal Vermelho, publicou o artigo: Civilização e barbárie: triste realidade de violência contra meninas e mulheres, que trata desta barbárie. (Leia aqui)

__

Texto elaborado por Elza Maria Campos e Carol Lobo lido e aprovado por unanimidade no Encontro Estadual da UBM/PR.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autores