Plebiscito Popular busca unir movimentos pelo fim da escala 6×1 e taxação de super-ricos 81j5v
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Nivaldo Santana e Igor Felipe Santos destacam estratégias de mobilização, desafios políticos e o papel educativo do plebiscito para fortalecer a agenda progressista no Brasil
Publicado 12/06/2025 18:00 | Editado 14/06/2025 10:31

No programa Entrelinhas Vermelhas, transmitido nesta quinta (12), os debatedores Nivaldo Santana (secretário sindical nacional do PCdoB) e Igor Felipe Santos (militante do MST), ambos integrantes da Coordenação Nacional do Plebiscito Popular, detalharam os objetivos do plebiscito lançado em abril deste ano. A iniciativa busca mobilizar a sociedade por meio de duas perguntas centrais:
- Redução da jornada de trabalho sem redução salarial e fim da escala 6 por 1;
- Taxação dos super-ricos (acima de R$ 50 mil mensais) para isentar imposto de renda de quem ganha até R$ 5 mil.
Segundo Igor, o plebiscito não tem validade legal, mas é um instrumento de debate, conscientização e organização da classe trabalhadora. “É um processo político e pedagógico para dialogar sobre grandes temas”, explicou, destacando que as perguntas foram escolhidas por seu apelo popular e capacidade de unir movimentos sociais, sindicatos e partidos.
Assista a íntegra das entrevistas:
Estratégia de mobilização: do presencial ao digital
Para alcançar milhões de brasileiros, o plebiscito combina métodos tradicionais e tecnológicos:
- Votação presencial: Com urnas físicas em locais de trabalho, estudos, lazer e igrejas, priorizando o diálogo direto.
- Materiais analógicos e digitais: Jornais, adesivos e redes sociais para divulgar as pautas.
- Formação de multiplicadores: O curso nacional em Praia Grande (SP), que reuniu 200 militantes de 25 estados, treinou ativistas para organizar a votação em suas regiões.
Nivaldo Santana ressaltou a importância de descentralizar a ação: “Precisamos de comitês em bairros, universidades e igrejas para garantir escala. O plebiscito começa em 1º de julho, mas ganhará força na Semana da Pátria (1º a 7 de setembro), quando toda a militância sairá às ruas”.
Desafios políticos: enfrentar a direita e superar fragmentações
Os entrevistados reconheceram que o campo progressista enfrenta obstáculos:
- Fragmentação de lideranças: A necessidade de unificar vozes dispersas em diferentes frentes.
- Resistência institucional: A imprensa tradicional e setores empresariais influenciam a opinião pública contra pautas progressistas.
- Infiltração da direita em espaços sociais: Nivaldo destacou que a extrema-direita “disputa a classe trabalhadora nas igrejas evangélicas”, usando temas morais para desviar o foco de questões econômicas.
Para contrapor isso, o plebiscito busca alianças com pastorais sociais, escolas de samba, torcidas organizadas e coletivos culturais . Igor enfatizou: “O objetivo é retomar e fortalecer os vínculos das organizações com a classe trabalhadora, criando uma base sólida para enfrentar a direita”.
Papel educador do Plebiscito: conscientização e formação política
Além da mobilização, o plebiscito tem um componente educativo. Segundo Nivaldo, ele visa “desenvolver a consciência política, tratando problemas que am despercebidos no dia a dia”. Exemplos incluem:
- Desconstrução de narrativas conservadoras: Combater discursos que criminalizam os pobres ou defendem privatizações.
- Dialogar com setores não engajados: O movimento Vida Além do Trabalho, que combate a escala 6 por 1, já mostrou que é possível atrair atenção da juventude e da classe média.
Igor destacou a importância de cursos de formação: “Nosso objetivo é que militantes voltem aos estados com ferramentas para organizar o plebiscito e debater as pautas com profundidade”.
De mutirões a uma nova correlação de forças
Até setembro, os organizadores planejam mutirões para divulgar o plebiscito em todo o país:
- Logística nacional: Com coordenações estaduais e secretarias operativas para garantir unidade metodológica.
- Parcerias estratégicas: Diálogo com evangélicos, povos de terreiro e movimentos culturais para ampliar o alcance.
Nivaldo concluiu: “Vivemos um período de relativo refluxo na mobilização social, mas o plebiscito pode ser a virada. Se conseguirmos unir milhões em torno dessas pautas, mudaremos a correlação de forças no país”.
Um projeto de longo alcance
O plebiscito popular não é apenas uma campanha, mas parte de uma estratégia de longo prazo para reconstruir o movimento popular brasileiro. Enquanto a direita avança com narrativas simplistas, o desafio do campo progressista é provar que suas propostas são soluções reais para os desafios do trabalho, da desigualdade e da participação cidadã. Como resumiu Igor: “Não queremos ser fatalistas, mas o plebiscito reúne condições de transformar a conjuntura”.